A conectividade e a plasticidade neuronal
A conectividade chegou tardiamente na minha casa (seja em termos de banda larga ou computador pessoal), acredito que meus pais achavam que esses recursos nos distrairiam dos estudos. Contudo, depois que comecei a (re) pensar a minha atuação como docente e fonoaudióloga em formação, precisei considerar a tecnologia como meio de viabilizar o conhecimento.
Em busca disso, fiz curadoria de vídeos para acompanhar as minhas aulas, frequentei seminários oferecidos por editoras na área de tecnologia, participei do evento do programa Cresça com o Google na Arena Itaipava em 2018 e venho tentando explorar todas as possibilidades, dentro das limitações das escolas em que trabalho.
De todas essas experiências, a que me fez refletir mais profundamente foi a palestra do neurocientista Miguel Nicolelis, “Avanços da Tecnologia e suas implicações no futuro”, oferecida pela Editora Positivo. Ali ele fez um apanhado da pesquisa com um exoesqueleto motorizado - o BRA-Santos Dumont 1 - que foi mostrado na abertura da Copa do Mundo de 2014, possibilitando pessoas a paraplégicas o controle sobre ele (veja aqui e aqui).
Tal pesquisa se baseia no fato de que nosso cérebro, com o devido treinamento, estabelece conexões com quaisquer dispositivos/periféricos/utensílios e que estes passam a se comportar como extensão do corpo.
https://www.vix.com/pt/bdm/familia/meu-filho-quer-um-celular-ou-um-tablet-e-agora-devo-dar
A partir daí eu consegui entender como o uso de smartphones e tablets pelos estudantes do Fundamental 2 é uma realidade (que incomoda muitos professores) inevitável e indefectível. Eu era cego, agora vejo (João 9:25)! Não há saída para a educação que se afasta da tecnologia/conectividade.
Outro aspecto que observei no meu cotidiano: minha mãe - que sempre teve restrição à tecnologia - , se rendeu ao uso do tablet e do smartphone para além dos jogos e das redes sociais. Ela consegue utilizar com certa habilidade os aplicativos de banco e de vouchers. O YouTube é sua plataforma preferida: pesquisa desde procedimentos cirúrgicos aos quais será submetida às playlist de quando "era moça".
Minha mãe, Rosa, e seu tablet
Nada que a plasticidade neuronal não dê conta.
** Aula de 14.08.2019
** Aula de 14.08.2019
Pois é Naiane, esses exemplos trazidos por você nos mostram como a cultura vai se transformando, provocando os sujeitos sociais nas suas práticas e estes retornam essas transformações, em outras dinâmicas, de volta para a sociedade, constituindo um circulo retroalimentador entre sujeito e cultura, um interferindo no outro, constantemente.
ResponderExcluirUm fato que sempre me inquietou, Bonilla, foi o advento da palavra "deletar". Eu não me lembro de nos anos 80 ou 90 termos usado "deletar" ao invés de "excluir". É curiosa essa dinâmica que a tecnologia e a sociedade nos mostra: esse termo antes restrito à cultura nerd (me corrija se eu estiver equivocada), já se encontra nos dicionários brasileiros.
ResponderExcluirComo as tecnologias usam o inglês como linguagem universal, e "delete" em inglês significa excluir, ela passa a ser usada não apenas pelos técnicos da área e sim pela sociedade em geral, sendo, inclusive, incorporada no dicionário das demais línguas. E isso acontece com muitas outras palavras.
ExcluirNaiane e Prof. Bonilla, será que podemos pensar isso como linguagem hegemônicos?
Excluir