O papel dos Infocentros na Inclusão digital


Quando eu e meus amigos frequentávamos cursos pré-vestibulares e ainda não tínhamos internet disponível (a não ser a discada, que a gente só usava nos fins de semana, aproveitando que o "pulso" era único e não onerava a conta telefônica), acessávamos nos computadores do Centro de Documentação e Informação Cultural sobre a Bahia (CEDIC), uma biblioteca mantida pela Fundação Clemente Mariani. A Ong, dentre outras ações,  tinha a pretensão de fomentar a inclusão digital. Ficava (ou fica, não localizei o site) em um prédio no Bairro do Comércio, próximo à  Praça do Riachuelo. 

Os computadores de lá bloqueavam os chats, então, nos restava incluir currículos em plataformas/banco de dados, enviar e verificar emails, enviar cartões animados e digitar documentos ou ler jornais

Tinha uma moça boazinha que deixava a gente ficar a tarde toda no computador, desde que não tivesse ninguém esperando para navegar (ainda se usa o termo internauta???).

Não me recordo se a iniciativa se configurava em um telecentro (Ponto de Inclusão Digital - PID, sem fins lucrativos, de acesso público e gratuito, com computadores conectados à internet, disponíveis para diversos usos) efetivamente, mas quando a gente pedia alguma orientação à moça boazinha, era comum ela dizer que "não éramos mais excluídos digitais".

E aí, temos que problematizar o objetivo de tais Telecentros:
 
O objetivo do telecentro é promover o desenvolvimento social e econômico das comunidades atendidas, reduzindo a exclusão social e criando oportunidades de inclusão digital aos cidadãos. Os telecentros podem oferecer diversos cursos ou atividades conforme necessidade da comunidade local, além de funcionarem como espaço de integração, cultura e lazer.




O objetivo da implantação dos Telecentros não deixa explícito se a  Inclusão digital aparece como uma política publica, desencadeada pelos movimentos sociais ou como categoria teórica que explica o fenômeno da exclusão digital. Dessa forma, os Telecentros foram implantados sob uma perspectiva ainda distorcida e distante do seu real propósito.

O site digitalks.com.br, em agosto de 2019, no artigo de Paula Pedroza -  O Que É Inclusão Digital E Em Que Estágio Estamos No Brasil - traz a seguinte questão:

E ainda precisamos melhorar no aspecto domínio da ferramenta. Numa pesquisa recente realizada pelo Google, junto com a McKinsey, para medir o índice de Habilidades Digitais o Brasil marcou três pontos em cinco, considerando as categorias: acesso, uso, segurança, cultura digital e criação. Três grupos apresentaram desempenho levemente inferior aos demais no índice: idosos, mulheres jovens e pessoas de baixa renda. 

Vemos, então, que há ainda muitos desafios a serem superados em busca da plena e efetiva inclusão digital no país.

**Aula de 13/11/2019


Comentários

  1. Preciso estar atenta, porque uma plena e efetiva inclusão digital significa assujeitamento à lógica do mercado, do consumo. O que precisamos é democratização das tecnologias, formação para um uso crítico e nesta perspectiva, o termo mais adequado é integração, e não inclusão.

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  2. Concordo, Bonilla. Faltou um pouco mais de dedicação da minha parte para problematizar o termo. Ficarei atenta.

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